O Grupo Cinema Paradiso e eu. Ou ainda Alfredo e Totó

30.06.2020 
Por Joanile Verdugo

O ano era 2020, o mês era janeiro, desembarquei no Aeroporto de Guarulhos, mais uma das milhares de pessoas que chegam todos os anos em São Paulo e mais clichê que isso, impossível. 

Devidamente instalada e em êxtase por tantas possibilidades que a cidade me oferecia fiz meu primeiro programa como residente da selva de pedras. Fui ao cinema, mais precisamente, ao CineArte no Conjunto Nacional, cinema que meses mais tarde fecharia suas portas, e assisti O Farol

Quando saí daquele prédio estava caindo uma chuva torrencial, junto com meu primeiro filme veio também minha primeira chuva. No caminho para casa, dentro de um veículo desses de aplicativo, fui revivendo as emoções que o filme ainda me proporcionava enquanto observa pela janela do carro a cidade debaixo d’água.

Em casa, já devidamente seca, porém ainda confusa pelo filme, comecei minha jornada de mensagens para meus amigos que ficaram lá no Nordeste para saber se já haviam visto o filme, mas em vão. 

Foi então que me ocorreu a seguinte ideia: estou em São Paulo, aqui tem tudo, com certeza deve ter um grupo de pessoas amantes do cinema, que devem se encontrar para conversar sobre isso. Assim, pesquisei pelo site de busca, eis que encontro o Grupo Cinema Paradiso. 

Imediatamente, já veio a imagem de Totó e Alfredo na minha cabeça, uma lágrima tentou se aproximar, mas resisti. Será que tinha achado um lugar para também chamar de meu? 

Escarafunchei o site para descobrir onde era, mas nada dizia sobre o local da reunião, o que me fez mandar um e-mail e assim começou minha paquera com o Grupo. 

A Cláudia respondeu meu e-mail, falando sobre a reunião, que o Grupo se reunia na casa de sua mãe e por essa razão não tinha o endereço no site. Fomos conversando, eu fui falando mais de mim, porque queria participar, mas a paquera seguia devagar, eu era quase Totó, uma criança ávida querendo experienciar tudo, aprender, mas o Grupo é sólido, familiar e se reúne em casa, então não é um amante fácil de ser conquistado.


Depois de alguns e-mails trocados finamente chegou o grande dia de conhecer o Grupo pessoalmente. Cicatrizes era o nome do filme que seria discutido.

Confesso que sentia um misto de ansiedade e nervosismo, medo e excitação, mas tudo isso se dissipou. Fui recebida com muito carinho por todos, a discussão foi incrível e, naquele momento, experimentei aquela sensação de se estar exatamente no lugar onde se quer estar, a sensação pura e simples de contentamento.

Isso é o que o Grupo Cinema Paradiso faz por você e fez por mim! Pessoas reunidas se ouvindo, conversando e discutindo uma só paixão: o cinema.

O covid chegou ao Brasil e o isolamento social se instaurou em São Paulo. Eu tinha ido a apenas duas reuniões, estava começando a conhecer os integrantes pelo nome e fiquei um pouco pensativa sobre o que aconteceria então com o Grupo.

Obviamente, um Grupo que comemora 25 anos de existência não se deixaria abater e os encontros on-line se tornaram realidade. Desde então estamos juntos, mas separados, unidos por uma única paixão: o cinema! 

Eu não acompanhei o Grupo desde do início, em 1995, não sei muitas histórias curiosas, tampouco estive em muitos encontros, mas o Grupo Cinema Paradiso já faz parte da minha história na selva de pedras e numa data como esta, 25 anos de existência, eu queria muito prestar minha homenagem de gratidão e contentamento. 

Vida longa ao Grupo Cinema Paradiso!
(Sobem os créditos ao som de Theme D’amour).

3 comentários:

Claudinha disse...

Joanile, que lindo texto, que carinhoso da sua parte! Muito curioso como a arte nos aproxima e nos revela as afinidades! Conhecemos você há tão pouco tempo e você parece uma veterana! E ainda nos traz esse sotaque nordestino delicioso! Obrigada

Amanda disse...

Que delícia de texto, Jô. Também sou novata no grupo, mais novata ainda porque a minha paquera durou mais tempo e só consegui aparecer quando já estavam rolando os encontros virtuais. Minha experiência é parecida com a sua, me senti acolhida de cara por esse grupo e agora não largo mais.

Ana Rosa disse...

Homenagem muito bem prestada, Joanile.