Os Filmes da Minha Vida

19.05.2015
por Maria Elza

Caros amigos do Grupo Cinema Paradiso: É com muito entusiasmo que publicamos o primeiro artigo sobre os “filmes de minha vida” dos membros do grupo. O primeiro relato veio da nossa querida Dona Elza, que nos brinda com suas histórias e lembranças cinematográficas. Torcemos para que esta gentil contribuição da Dona Elza sirva de inspiração para que mais pessoas escrevam sobre os seus filmes favoritos e que as próximas edições do jornal tragam sempre um artigo destes, dando voz a todos os membros do grupo.

Os filmes da minha infância são os da Shirley Temple desde os meus três anos, quando, na Confeitaria Guarany, situada no bairro do Brás em São Paulo, tomando sorvete com papai e mamãe, vi projetada na parede branca, que servia como tela, a menininha da minha idade dançando e sacudindo os cachinhos. Neste dia, em 1931, o cinema entrou na minha vida e não saiu mais. Mas, houve muitos filmes inesquecíveis nessa minha longa existência, por diversas razões.
Gilda (Charles Vidor, 1946) eu assisti com meu namorado José e achei o máximo a sensualidade de Rita Hayworth tirando as luvas, cantando Put the blame on mame e prometendo muito mais. Quando cheguei em casa, escrevi em meu diário: “Hoje assisti ao filme mais lindo da minha vida”. E isso aos 17 anos!
Casablanca (Michael Curtiz, 1942) é inesquecível pela história do amor impossível entre Ingrid Bergman e Humphrey Bogart, numa guerra que tanto marcou a minha adolescência.
Morte em Veneza (Luchino Visconti, 1971) para mim é um exemplo de direção e interpretação de Dirk Bogarde. Poucas palavras, mas os olhares diziam tudo. Beleza pura!

Rita Hayworth em Gilda
Mas, existe sempre um “mas”, quando queremos falar do filme que mais amamos. Creio que Carta de uma Desconhecida (Max Ophüls, 1948) é o meu grande amor. Modelo de roteiro, de direção, de sentimento e de interpretações (Joan Fontaine e Louis Jordan). A razão porque esse filme tanto me toca? Talvez por ter predileção por amores contidos, sublimados, não realizados. Outro filme marcante para mim é Sonata de Outono (Ingmar Bergman, 1978), particularmente a cena que mais me emociona é a do diálogo do acerto de contas entre mãe e filha.

Cena da ceia de Homens e Deuses

A Glória do meu Pai (Yves Robert, 1990) é uma adaptação das memórias de Marcel Pagnol. O filme despertou meu interesse em conhecer melhor a obra do romancista francês e me levou a outros dois outros grandes filmes, também baseados na obra de Pagnol: Jean de Florette, com Gerard Depardieu, Yves Montand e Daniel Auteuil. Neste filme, há uma disputa de terras por conta de uma mina de água (tema tão atual!). O personagem que dá nome ao filme, interpretado por Depardieu, é um lavrador destruído e morto pela ganância do vilão interpretado por Yves Montand. A sequência da história é A Vingança de Manon, novamente com Auteuil, Montand e Emmanuelle Béart, lindíssima! Neste, Manon, filha de Jean de Florette aparece para vingar a morte do pai. César Soubeyran, personagem de Yves Montand, sem saber a origem de Manon, apaixona-se por ela. Ambos os filmes são dirigidos por Claude Berri, no ano de 1986.
Yves Montand é um de meus atores preferidos. Além de atuar muito bem, era charmoso e cantava muito bem. Já que estou falando nele, destaco outro filme que eu adoro e acho que pouca gente conhece: Um Homem, uma Mulher, uma Noite (Costa Gavras, 1979). No filme, praticamente só aparece um casal (Montand e Romy Schneider) que se une por uma infinita tristeza que está atravessando a vida de cada um. Filme triste, mas belíssimo!
Relacionei até agora os filmes mais antigos. Entre os mais recentes, Homens e Deuses (2010) é inesquecível! Com direção de Xavier Beauvois, que se baseou em uma história real, acho comovente a convivência entre homens, credos e deuses diferentes. A cena da ceia é antológica!
Outro filme recente que está também entre os meus preferidos é Direito de Amar (Tom Ford, 2009), que trata da homossexualidade com muita delicadeza. Depois deste filme, adotei Colin Firth como meu ator preferido. São lembranças daquilo que não quero esquecer!

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