Depoimento da minha vivência no Grupo Cinema Paradiso

19/06/2020
Por Cazão

Descontraído 

Eu me sinto um privilegiado por poder participar de um grupo que, antes de tudo, me faz sentir à vontade, todos respeitam opiniões diferentes, às vezes opostas da maioria. Literalmente, visto a camisa. 

Quando as reuniões eram presenciais, havia algo que é muito importante para mim: o clima caseiro, não apenas por ser na casa da D. Elza, mas pelo acolhimento humano. Diferente de uma sala com fileiras de cadeiras, uma pessoa à frente da outra e demais formalidades.

Democracia é o lema

Também há semelhança em todos os participantes como visão de um governo justo, com maior atenção aos mais necessitados. Essas conversas aparecem no início e no fim da reunião, por vezes durante a discussão e permeiam a análise do filme. 

Os participantes são de áreas e formações variadas, com grande destaque para a de Humanas, sobretudo professores. Algumas pessoas têm formação de doutorado e cultura cinéfila (até porque são sêniores); isso já chegou a constranger alguns jovens, mas todos são ouvidos em igualdade. 

Essa questão tem muito a ver comigo, por exemplo, por vezes me sinto um “chato” quando faço uma crítica negativa a um filme que está sendo bem visto por todos, e sou incentivado a manter minha opinião diferente, pois costumam dizer que uma visão contrastante sempre pode colaborar com algo.

Arrependimento

Eu já tinha encontrado o site do Grupo por duas vezes alguns anos antes de participar (iniciei em maio de 2019). Não sei por que eu não o procurei anteriormente, creio que tive uma ideia, sem embasamento, de que não seria interessante para mim. 

Por me sentir à vontade, fiz algumas brincadeiras fora de contexto ou, por não me conhecerem, não sabiam que eu estava brincando; também usei termos politicamente incorretos que, depois de refletir, fiquei envergonhado, mas nunca fui repreendido.

Aprendizado

Pela minha formação e identificação, sobretudo com o olhar fenomenológico-existencial, houve uma abertura de simplesmente acolher o que se apresenta na-tela-branca e observar como foi a relação com essa ‘acontecência’ (a vivência que tive com o filme) no contexto dos sentidos na existência. 

Enfim, o que eu sempre trazia para as reuniões era, sobretudo, uma discussão no estilo “como me senti com o filme”, sem maiores explorações racionais, segundo Descartes, e metafísicas, de acordo com Kant, como costuma ser na visão dos “bons companheiros” do Grupo. 

Por conta das opiniões do Grupo, minha vivência com o filme começou a mudar quando houve a discussão de um filme que me tocou, A grande dama do cinema. Os participantes trouxeram várias questões importantes que passaram completamente despercebidas por mim, pois não tinham sido discutidas. Então, percebi o quanto tinha perdido do filme e de entender temas importantes que não me ajudaram a ter uma boa compreensão da história. 

Em recente reunião, comentei que percebi que essa postura ‘em aberto’ de simplesmente saborear o pôr do sol em um ‘vazio mental’, me deixava como um “bobão”. Pois é/era comum não captar algo do filme e resultava em perguntar para minha esposa ou amigx o que tinha acontecido (o que é chato fazer durante o filme).

Participantes

Sinto um clima de harmonia e de união nas reuniões, inclusive agora nas virtuais, o grupo do WhatsApp ajuda a manter a proximidade. Este grupo foi criado para auxiliar a organização das reuniões presenciais, mas tem tido uma função de aproximação nessa fase de reuniões virtuais. 

Obviamente nem tudo é maravilha (para mim – e de mim para os outros), há comentários no WhatsApp que não me fazem sentir bem (por uma série de motivos) e também há questões políticas / de injustiças que são trazidas, embora não recomendadas pela mediadora do grupo (ela alega que as discussões políticas têm sentido no presencial, mas se confundem e tiram a função do Grupo no WhatsApp) que, mesmo com orientações semelhantes às minhas, preferiria não revê-las como as conheço há décadas.

Criadora e mediadora do Grupo

Tenho certeza que os outros participantes trouxeram ótimos depoimentos da querida Cláudia, então não preciso me prolongar mais neste texto. Ahhhh, me lembrei de algo! A paciência dela, inclusive comigo, em algumas gafes. 

Obrigado, Grupo, e vivas para os 25 anos de vida!
Torcendo para que o retorno das reuniões presenciais não demore muito!

Assista ao depoimento no YouTube abaixo:



2 comentários:

Claudinha disse...

Muito generoso esse seu depoimento, Cazão. Sabemos todxs que a afetividade é uma realidade no grupo. Fui aprendendo a mediar ao longo de 25 anos, não é pouca coisa. Mas é muito bom quando outras pessoas assumem essa função também. Precisamos continuar o revezamento, porque muitas pessoas do grupo são ótimas mediadoras também. Obrigada. Viva o Grupo Cinema Paradiso!

Ana Rosa disse...

Vivas para os 25 anos do grupo e para a licença de cada um ser do seu jeito.
Vivas para a entrega do seu depoimento, Cazão.