DE VOLTA AO CINEMA

12.10.2020 
Por H.Hirao

Sábado, 14 de março de 2020, assisti ao filme Você não Estava Aqui, no cine Petra Belas Artes. No dia seguinte, o Grupo Cinema Paradiso discutiu o filme mais recente do cineasta inglês Ken Loach.

Quarta-feira, 18 de março, assisti ao horror russo A Maldição do Espelho, no Cinemark do Shopping Cidade São Paulo. Um horror mesmo. Foi o último filme a que assisti em uma sala de cinema antes da quarentena imposta pela pandemia do novo corona vírus. No dia seguinte, não havia mais cinemas abertos em São Paulo.

De Volta ao Cinema

206 dias sem ir ao cinema, 210 dias sem ir ao Petra Belas Artes. A quarentena foi crescendo e se transformou em “duzentena”.
Sábado, 10 de outubro de 2020. Finalmente, as portas do Petra Belas Artes reabriram por volta de 14h40. Foi quando eu cheguei. Aproximadamente dez pessoas formavam uma pequena fila de cinéfilos. Reconheci os dois primeiros, Alexandre e Érico. Havia também um grupo de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, documentando o retorno do mais querido cinema de rua da cidade.

Eu, Alexandre e Érico, na reabertura do Cine Petra Belas Artes. Foto: Marcella Lourenzetto/CBN

Logo na entrada, um funcionário media a temperatura dos espectadores com um termômetro digital. A novidade mais visível é a placa de acrílico separando a bilheteria do público, deixando-a um tanto impessoal. Ao adquirir um ingresso, escolhendo um lugar marcado, as poltronas adjacentes ficam indisponíveis, isto é, ninguém senta ao seu lado, em frente ou atrás, nem nas diagonais. A maquininha de cartões, embrulhada em plástico, é constantemente limpa com álcool. Sim, é possível comprar ingressos na hora, no local. Até o dia 21 de outubro, o cinema estará com o preço de ingresso promocional, todos pagam meia-entrada de R$ 10,00.
A bomboniere vende pipoca, doces, bebidas e outros produtos, dentro de uma sacola de papel lacrada. O consumo é permitido somente dentro da sala. Todos os funcionários usam máscara, luvas e alguns até face shields.
Percebi que as pessoas formam filas naturalmente espaçadas. Provavelmente, se acostumaram dessa forma durante os meses de distanciamento social. Há frascos de álcool em gel em toda parte. O ar-condicionado, um dos maiores receios do público, não circula o ar da própria sala. O ar é jogado para fora do prédio e ar novo é filtrado, resfriado e inserido dentro da sala.
O cinema abriu 4 das suas 6 salas. As duas menores, no subsolo, permanecem fechadas por enquanto.


Foi ótimo rever os amigos, matar a saudade dos funcionários, mesmo sem poder abraçá-los.

A primeira sessão, às 15 horas, foi Apocalipse Now – Final Cut, na sala Villa Lobos, a maior de todas, com quase 300 lugares. Creio que não havia mais de 25 ou 30 espectadores. Como o nome diz, é a versão final do diretor Francis Ford Coppola, com duração de 3 horas. Que espetáculo! É filme para ser assistido em tela grande com o som impecável.

No final, havia um funcionário para orientar a saída, mas nem foi preciso. O público saiu ordenadamente, mantendo distância. Como de costume, eu e meus amigos ficamos sentados até o final dos créditos. Observamos o pessoal da limpeza já iniciando a higienização das poltronas.

Na saída da sala, recebemos de presente um kit com duas latas da cerveja Petra. Obrigado, Petra, por manter o patrocínio do cinema durante esse período.

Dei entrevista para o programa Metrópolis da TV Cultura. Sim, eu me senti bastante seguro.

A programação está bem eclética, misturando pré-estreias, estreias, filmes mais antigos, homenagem a Wim Wenders. Minha vontade era de ficar e assistir a outro filme. Três horas não bastaram para compensar 206 dias sem cinema. Voltei para casa assobiando “A Cavalgada das Valquírias”, de Richard Wagner, e “The End”, do The Doors.

4 comentários:

Anônimo disse...

Hirao, querido Hirao, obrigado por comentar sua volta triunfal ao cinema. Que seja o inicio de muitas e muitas idas, embora creio que centenas de cinéfilos e fanáticos por cinema como eu (idosos ou não) estejam ainda ressabiados com essa volta. No seu artigo, o que me chama a atenção é que durante a quarentena parece que um milagre se operou no Petra Belas Artes: como as salas com som sofrível como daquele cinema ficaram com som impecável?? Eis um mistério que irei desvendar, talvez, em breve tchan, tchan, tchan. Grande abraço, João Moris

CARLOS HENRIQUE disse...

BOM DIA A TODOS!
Valeu Hirao pela descrição. Amanhã e sexta tô chegando no Petra ( quero ganhar cerveja também!)
Assino em baixo o seu agradecimento a Petra por manter o patrocínio nesses 06 meses de paralisação (não fosse assim, demissão geral e cinema fechado em definitivo). Daqui para frente vou passar a comprar a Petra, sem abandonar a Bud e a Bohemia.

Ana Rosa disse...

Muito bom ler seus comentários, Hirao.
Gostei de saber que as regras estão sendo respeitadas de forma a deixar cinéfilos sentirem-se seguros.
Gostei mais ainda do seu assobio feliz.

Jussara Marins disse...

Parabéns aos "pioneiros"!
Mesmo com todas as facilidades pra ver filmes em casa, prefiro mesmo ir ao cinema, e fico
contente em poder retornar em breve, assim que voltar para querida Sampa.