Sonata de Outono (Höstsonaten,
Suécia, Alemanha Ocidental, França e Noruega, 1978, 99 min)
Direção e Roteiro:
Ingmar Bergman
Elenco: Ingrid Bergman (Charlotte Andergast), Liv Ulmann (Eva), Lena
Nyman (Helena), Halvar Björk (Viktor), entre outros.
Filme disponível no YouTube (link abaixo):
Sonata de Outono. 1978. Ingmar Bergman.
Remasterizado. Bluray [+]
Sinopse:
O filme trata do reencontro depois de sete anos de ausência entre Charlotte
Andergast (Ingrid Bergman), uma pianista mundialmente famosa, e suas duas
filhas, Eva (Liv Ullmann) e Helena (Lena Nyman).
Entre outros temas, a narrativa aborda as relações entre elas, a maternidade e a
arte, em um embate com diálogos lancinantes que recuam e retomam o passado,
expondo feridas, mágoas e culpas, provocadas pela negligência, indiferença e o
rancor.
Esta foi a única colaboração do diretor com a atriz Ingrid Bergman, uma das
maiores divas do cinema hollywoodiano, também sueca, tornando realidade seu
desejo de longa data de atuar em um filme dirigida por seu homônimo.
Sobre o diretor:
Ernst Ingmar Bergman nasceu em 14 de julho de 1918, em Uppsala,
Suécia. Seu pai era pastor luterano e sua mãe, enfermeira. Teve um irmão mais
velho, Dag, e uma irmã mais nova, Margareta. Por causa do pai, a infância deles
foi rígida e cercada de preceitos religiosos. Em 1938, Bergman ingressou na
Universidade de Estocolmo para estudar Artes e Literatura, mas logo se envolveu
com o grupo de teatro estudantil. Nos anos seguintes, escreveu e encenou
diversas peças, chegando a uma média de seis montagens por ano. Dedicou-se tanto
ao teatro que largou os estudos e se tornou diretor assistente de um teatro
local. Nesse teatro, escreveu e dirigiu sua primeira peça profissional,
Kaspers död (A Morte de Kasper), em 1942. A peça foi assistida
por Stina Bergman (sem parentesco, apesar do sobrenome), que convidou Bergman a
entrar para a produtora de cinema Svensk Filmindustri. Seu trabalho era
ler roteiros cinematográficos e melhorá-los (hoje, essa função recebe o nome de
script doctor). Assim, ele aprendeu e escreveu seu primeiro roteiro,
Tortura do Desejo (Hets, 1944) que foi dirigido por Alf
Sjöberg. Bergman acompanhou as filmagens e dirigiu algumas sequências, enquanto
Sjöberg estava ocupado com outros assuntos. No ano seguinte, Bergman dirigiu seu
primeiro longa-metragem, Crise (Kris, 1946), adaptado de
uma peça de Leck Fischer. A partir daí, Bergman dirigiu 15 filmes em dez anos,
incluindo obras como Juventude (1951), Mônica e o Desejo
(1953) e Sorrisos de uma Noite de Amor (1955), que recebeu um
prêmio especial em Cannes. Ainda em 1951, por conta de uma greve, Bergman aceita
dirigir uma série de comerciais para TV. 1957 é um ano excepcional: duas
obras-primas, O Sétimo Selo e Morangos Silvestres,
chegaram ao cinema. Entre seus filmes estão: No Limiar da Vida (1958),
A Fonte da Donzela (1960), Através de um Espelho
(1961), O Silêncio (1963), Quando Duas Mulheres Pecam
(mais conhecido pelo título original Persona, 1966), Gritos
e Sussurros (1972), Cenas de um Casamento Sueco (1974),
Face a Face (1976), entre outros.
Em 1976, Bergman foi preso durante os ensaios de uma peça, acusado de fraude
fiscal e sonegação de impostos. Abalado pela experiência humilhante, ele deixou
a Suécia e se exilou em Munique, na Alemanha. As acusações foram retiradas em
seguida, mas Bergman permaneceu na Alemanha, onde filmou O Ovo da Serpente
(1977, co-produção Alemanha Ocidental/EUA), Sonata de Outono
(1978, Suécia, Alemanha Ocidental, França e Noruega), e Da Vida das
Marionetes (1980, Alemanha/Grã-Bretanha). Bergman retornou à Suécia
somente em 1982 para filmar Fanny e Alexander e anunciou que seria
seu último filme. Bergman continuou realizando filmes para TV, mas alguns
chegaram a ser exibidos nos cinemas, como Sarabanda (2003).
Apesar de Ingmar Bergman ser famoso mundialmente como diretor de filmes para
cinema e televisão, o teatro foi a atividade artística mais constante em sua
vida. Aos 26 anos, Bergman se tornou o mais jovem gerente de teatro da Europa,
no Teatro Municipal de Helsingborg (1944 a 1946), onde dirigiu nove produções e
transformou o local em ponto de encontro cultural da cidade. Depois, Bergman
dirigiu o Teatro Municipal de Gothenburg (1946 a 1949), maior e melhor equipado
do que o teatro de Helsingborg. Entre 1952 e 1958 foi diretor artístico do
Teatro Municipal de Malmö, onde conheceu grandes atores que o acompanharam em
seus filmes, entre eles, Bibi Andersson, Harriet Andersson, Ingrid Thulin, Max
von Sidow e Erland Josephson. Foi diretor do Teatro Dramático Real de Estocolmo,
de 1960 a 1966. Depois do problema com o fisco, Bergman foi diretor do
Residenztheater, em Munique, Alemanha, de 1977 a 1984. Bergman continuou a
montar peças de teatro até 2002, bem depois de dirigir seu último filme para
cinema.
Ingmar Bergman faleceu na ilha de Fårö, em 30 de julho de 2007, duas semanas
após completar 89 anos. Coincidentemente, no mesmo dia em que faleceu o diretor
italiano Michelangelo Antonioni.
O Grupo Cinema Paradiso, em seus 27 anos de existência, já discutiu muitos
filmes do mestre do cinema Ingmar Bergman, como O Sétimo Selo
(duas vezes), Persona, Gritos e Sussuros, O Ovo da
Serpente e Morangos Silvestres.