41ª Mostra Internacional de São Paulo
Filme: Lutando Através da Noite

18.10.2017
Por H. Hirao

Lutando Através da Noite
Combat au Bout de la Nuit
Direção: Sylvain L’Espérance
Canadá, 2016, 285 minutos

Eu, particularmente, adoro assistir a filmes longos durante a Mostra. No ano passado, assisti ao belíssimo Canção para um Doloroso Mistério, do diretor filipino Lav Diaz, com duração de 8 horas e 5 minutos, exibido sem intervalo. E olha que não é o filme mais longo de Diaz! 

Esse ano, a Mostra traz um documentário de 285 minutos, “apenas” 4 horas e 45 minutos. Lutando Através da Noite foi filmado durante dois anos e mostra as consequências da atual crise econômica na Grécia. O filme não é didático, não mostra o histórico da crise, não diz que na data tal aconteceu isso, fulano fez aquilo etc. Não, nada disso. O interesse principal está nas pessoas afetadas por essa crise. 

É importante conhecer um pouco os antecedentes dela. Por volta de 2008, iniciou a Crise da Zona do Euro, com vários países passando dificuldades para pagar dívidas públicas. A crise da Grécia começou um pouco depois, em 2010. Para pedir empréstimos do FMI, do Banco Central Europeu e da União Europeia, o país teve de aceitar pacotes de austeridade que afetaram profundamente a sua população. As principais medidas impostas foram: a redução de salários, corte de aposentadorias, aumento da idade mínima para requerer a aposentadoria, aumento de impostos, privatização de empresas públicas, entre outras. Nada disso é explicado no filme, mas podemos observar o efeito dessas medidas nos depoimentos das pessoas. 

Dividido em três partes, esse documentário lembra a trilogia As Mil e Uma Noites (2015), de Miguel Gomes. A estrutura de episódios independentes é semelhante. Um grupo de mulheres protestam em frente ao Ministério das Finanças. Elas faziam a faxina e foram demitidas. Mais tarde, sofrerão confrontos com a polícia. Um refugiado africano fala sobre as dificuldades de viver em um país em crise. A Grécia era rota de entrada para a Europa de refugiados e imigrantes vindos da África e Oriente Médio. Porém, as fronteiras foram fechadas e não há como entrar ou sair do país de forma legal. Um médico desabafa e denuncia as condições precárias do posto de saúde. Um jovem do Níger anda pelas ruas, fuçando latas de lixo, à procura de objetos em bom estado para poder vender em feiras clandestinas. Trabalhadores do porto reclamam por trabalho. Tempos de crise são propícios para o surgimento de grupos de extrema direita, que fazem demonstrações públicas contra estrangeiros. Máquinas derrubam barracos de uma comunidade pobre, cumprindo ordem de desapropriação de um terreno. Enquanto isso, os botes lotados de refugiados continuam a chegar nas praias gregas. 

► Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, sala 4, dia 20/10/17 (sexta), às 16:40 (Sessão 150) 
► Circuito Spcine CCSP, sala Paulo Emilio, dia 22/10/17 (domingo), às 16:30 (Sessão 303) 
► Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, sala 6, dia 01/11/17 (quarta), às 15:20 (Sessão 1378)


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