41ª Mostra Internacional de São Paulo
Filme: Marlina, Assassina em Quatro Atos

18.10.2017
Por H. Hirao

Marlina, Assassina em Quatro Atos 
Marlina Si Pembunuh Dalam Empat Babak 
Direção: Mouly Surya 
Indonésia / França / Malásia / Tailândia, 2017, 95 minutos 

Um dos maiores objetivos da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é exibir filmes de países pouco conhecidos no Brasil. No caso, Marlina, Assassina em Quatro Atos é uma produção da Indonésia e só por esse fato já merece ser conferido. Mas o filme vai muito além da mera curiosidade. 

A história se passa em uma das ilhas da Indonésia com grandes extensões de terras desabitadas. A Marlina do título é uma jovem viúva, endividada, que não consegue enterrar seu marido. De acordo com um costume religioso, ele está mumificado, sentado em um canto escuro da sua modesta casa. Certa noite, um bando de criminosos, liderados por Markus, invade a casa, roubaram seus víveres (alguns porcos e galinhas) e avisam que todos a estuprarão… depois que ela servir o jantar. Mas Marlina não é uma mulher frágil e submissa. 

O filme tem todos os elementos de um bom faroeste e, de fato, pode-se assisti-lo como tal. Em vez da vasta e desolada paisagem do Death Valley, temos uma vasta e desolada ilha do Oceano Índico; em vez de ladrões de gado, temos ladrões de galinhas; em vez de carruagem, temos um caminhão que, se fosse no nordeste brasileiro, seria chamado de pau de arara; em vez de revólveres e rifles, temos facões; em vez de xerife, temos uma delegacia de polícia com oficiais desmotivados e despreparados. É claro, há certa dose de violência, estilizada e dentro do contexto. Pensando bem, em vez de faroeste, talvez seja mais correto chamar de “farleste”, já que a Indonésia fica no Oriente. 

O filme também segue a tendência do empoderamento feminino, com uma protagonista forte e determinada, que toma as rédeas da ação, enquanto os homens são violentos e covardes, ou fracos e incompetentes. Levanta questões como a condição da mulher dentro de uma sociedade machista, o casamento e a maternidade. A religiosidade também está presente em diversos momentos. O filme também surpreende tecnicamente, pois é muito bem fotografado, com lindas imagens e cores, traduzindo o calor do sol escaldante. 

Se poucos filmes indonésios chegam até nós, o que posso dizer sobre o impressionante elenco? São todos desconhecidos para mim. Marsha Timothy, que interpreta Marlina, é uma versão feminina de Clint Eastwood nos melhores westerns. Apesar de poucas falas, ela consegue expressar seus sentimentos pelo olhar. Os coadjuvantes também estão à altura, o que comprova a competência e talento da jovem diretora Mouly Surya. 

► Playarte Marabá, sala 1, dia 20/10/17 (sexta), às 21h00 (Sessão 171) 
► Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, sala 2, dia 23/10/17 (segunda), às 16h50 (Sessão 406) 
► Espaço Itaú de Cinema Augusta, sala 1, dia 27/10/17 (sexta), às 14h00 (Sessão 816) 
► Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, sala 1, dia 29/10/17 (domingo), às 13h30 (Sessão 1058) 
► Reserva Cultural, sala 2, dia 31/10/17 (terça), às 19h50 (Sessão 1287)


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