Alguns filmes assistidos na
44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

01.11.2020
Por H.Hirao

Nota de complemento do artigo:

A Mostra acaba de divulgar os filmes que farão parte da sua tradicional Repescagem, que vai do dia 5/11 a 8/11. É uma ótima oportunidade para aqueles que não acompanharam a Mostra ou deixaram de assistir a algum filme que gostariam de ter assistido.

 Um lembrete importante é que ao comprar o ingresso na plataforma da Mostra (https://mostraplay.mostra.org/), você terá no mínimo três dias para assistir ao filme. Uma vez que você clicar Play, você terá apenas 24h para ver o filme. Os filmes estarão disponíveis até às 23h59 do dia 8/11.

Veja os títulos disponíveis da Repescagem no link https://44.mostra.org/jornal-da-mostra/repescagem

 Os títulos mais badalados ou “imperdíveis” da lista abaixo são: A DEUSA DOS VAGALUMES / A PASTORA E AS SETE CANÇÕES / BERLIN ALEXANDERPLATZ / COZINHAR F*DER MATAR / CRIANÇAS DO SOL / DIAS / FILHO DE BOI / LUA VERMELHA / MÃES DE VERDADE / MOSQUITO /  MATE-O E DEIXE ESTA CIDADE / NÃO HÁ MAL ALGUM /   O CHARLATÃO / PARI / SUOR / VALENTINA


Recomendo fortemente a leitura do texto do João Moris. Eu assisti a vários dos filmes que ele comenta e não vou repeti-los aqui. Um deles, Cozinhar, F*der, Matar, foi um dos filmes que mais gostei até agora nessa Mostra. 
Suor (Sweat)
Direção/Roteiro: Magnus von Horn. Polônia / Suécia, 2020, 105 min.
Mostra o dia a dia de uma digital influencer chamada Sylwia. Não só em frente à câmera, mas também sua vida quando não há ninguém observando. Pode parecer um pouco previsível para quem já assistiu muitos filmes sobre a vida pessoal de astros e estrelas do cinema, da música, dos esportes, enfim, os bastidores, a intimidade de famosos com milhares ou milhões de admiradores. Só muda a profissão e o meio que ela utiliza para alcançar fama, mais século XXI. Apesar de ser já batido, gostei do formato de ficção com cara de documentário. Destaque para a atriz Magdalena Koleśnik, em cena o tempo todo, que constrói diferentes dimensões à sua personagem.
Competição Novos Diretores. Integrou a seleção oficial do Festival de Cannes.


O Tremor (Nilanadukkam)
Direção/Roteiro: Balaji Vembu Chelli. Índia, 2020, 71 min.
Esse é um daqueles filmes estranhos, que dão um nó no cérebro. Vão ter outros nessa minha lista. Um fotojornalista aceita ir até uma vila no interior da Índia para cobrir um terremoto. Um road-movie contemplativo, com belas paisagens. Ao chegar em seu destino, o jornalista não encontra nenhum cenário de destruição e ninguém sabe de nenhum terremoto. Afinal, o jornalista está no local correto? Houve mesmo um abalo sísmico? E a neblina que, pouco a pouco, cobre o cenário? Será real ou uma alegoria da vida do repórter? Competição Novos Diretores.


Mate-o e Saia desta Cidade (Zabij to i Wyjedz z Tego Miasta)
Direção/Roteiro: Mariusz Wilczyński. Polônia, 2019, 88 min.
Uma animação adulta, com um clima pesado, melancólico, de poucas cores. Outro filme que provoca mais perguntas e fornece poucas respostas. Tive de apelar para a sinopse para entender minimamente a história. O que assistimos é o mundo interior da personagem, que perdeu as pessoas mais importantes. Em sua imaginação, elas vivem, misturadas a personagens fictícios.
Competição Novos Diretores. Vencedor do Prêmio Especial do Júri do Festival de Annecy. Também foi exibido no Festival de Berlim.



17 Quadras (17 Blocks)
Direção: Davy Rothbart. EUA, 2019, 95 min.
Em 1999, Emmanuel, tinha 9 anos, um menino cheio de vida, alegre, estudante dedicado, joga basquete com seu irmão mais velho, “Smurf”, de 15 anos. A família de Emmanuel mora em um dos bairros mais perigosos de Washington, D.C., capital dos Estados Unidos, a apenas 17 quarteirões do Capitólio. Um documentário contundente, com momentos fortes e emocionantes, que levou 20 anos para ficar pronto. O filme é dedicado às vítimas de homicídio em Washington, entre 2010 e 2018, aguarde para ver a aterradora quantidade de nomes. Um filme importante, em sintonia com o movimento “black lives matter”.
Competição Novos Diretores. Exibido nos festivais de Tribeca e Karlovy Vary.


Mulher Oceano
Direção: Djin Sganzerla. Brasil, 2020, 100 min.
Vejam a coincidência. O Grupo Cinema Paradiso discutiu O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, no domingo passado. Djin Sganzerla, uma das duas filhas de Rogério, exibe aqui o primeiro longa-metragem dirigido por ela. Além de dirigir, Djin também faz as duas personagens principais: Hannah, uma escritora em Tóquio, e Ana, uma nadadora de longa distância no Rio de Janeiro. Cada uma com seus dramas e dúvidas, com um singular olhar feminino. Um belo filme, que acerta ao mostrar duas histórias, mantendo o interesse. A parte no Japão, principalmente no começo, lembra um clima de Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola, mas obviamente, Djin segue por outros caminhos. Participações de Stênio Garcia e Lucélia Santos.
Mostra Brasil e Competição Novos Diretores. Prêmio de Melhor Longa-Metragem na Competição Internacional do Porto Femme International Film Festival, e exibido no Providence Latin American Film Festival.


O Lodo
Direção: Helvécio Ratton. Brasil, 2020, 94 min.
Helvécio Ratton é um cineasta mineiro, com 40 anos de carreira, mas sua filmografia conta com apenas 11 títulos, de acordo com o site IMDb. Ele começou fazendo filmes infantis, como A Dança dos Bonecos (1986) e Menino Maluquinho: O Filme (1995), mas também realizou dramas como Batismo de Sangue (2006) e filmes de aventura como O Segredo dos Diamantes (2014). O Lodo narra a história de Manfredo, um homem que se sente deprimido, sem ânimo, e resolve procurar um psiquiatra, o dr. Pink. Manfredo não se sente confortável com as perguntas invasivas do médico e resolve não prosseguir com o tratamento. A partir daí, o filme toma contornos de um horror psicológico. Bem interessante, a direção segura e o suspense crescente mantém a atenção até o fim.
Mostra Brasil.


Coronation
Direção: Ai Weiwei. China, 2020, 115 min.
Ai Weiwei é artista, cineasta, designer, arquiteto, pintor, ativista social, sobretudo um homem inquieto e contestador. Coronation é um documentário denúncia, que mostra os erros, mandos e desmandos do governo chinês, quando, em 31 de dezembro de 2019, o primeiro caso do novo coronavírus foi confirmado em Wuhan. Parece algum país latino-americano? Ou mesmo um país norte-americano? Atualmente, Weiwei está exilado, mora e trabalha em Londres, portanto, não estava na China na virada do ano. As imagens foram feitas por voluntários, pessoas que filmaram em seus celulares, muitas vezes, arriscando serem presas. Weiwei dirigiu, produziu e editou o longa remotamente. É um filme um pouco irregular, já que se trata de colagem de cenas, mas é mais que atual e reflete atitudes em vários lugares do mundo. Ai Weiwei tem outro documentário nessa Mostra, Vivos, sobre crianças desaparecidas no México.
Apresentação Especial.


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