01.07.2015
por Esther Stiel
Eu me lembro... Desde muito pequena, sempre ouvia minha avó e meus pais comentarem sobre os filmes a que haviam assistido. Minha avó, que nasceu no século XIX, bem antes do evento cinema, me contava muitas histórias sobre aquela época. De como ela tinha medo de ver as figuras em movimento e dos sustos que levava, não só no cinema, como dos demais inventos da época, como telefone, carros não puxados por cavalos, etc. Me contava que os irmãos Lumière foram os inventores do cinema e que, em 1895, em Paris, numa sessão paga, foram projetadas imagens em movimento de trabalhadores saindo de uma fábrica e de um trem chegando na estação. Um susto só. Pois as pessoas estavam acostumadas com imagens estáticas. Os filmes eram em branco e preto e, principalmente, mudos.
Minha mãe falava sobre as salas de projeção de que ela mais gostava, o UFA, por exemplo, e de seus galãs preferidos: o que falecera antes de eu nascer – Rodolfo Valentino, e de Charles Boyer. E meu pai falava de Mary Pickford, Bette Davis, Hedy Lamarr, Claudete Colbert e Marlene Dietrich, em O Anjo Azul.
Como dá pra notar, são lembranças de histórias contadas e não vividas. O cinema entrou em minha vida quando eu estava cursando o primário, no início dos anos 40. Apesar do cinema já ser sonoro, na época, na escola passavam filmes mudos, principalmente os de “O Gordo e o Magro” (o rechonchudo Oliver Hardy e o magrelo e desajeitado Stan Laurel). Filmes cujos nomes não me recordo e, como não podia deixar de ser, Charlie Chaplin, o famoso Carlitos, em filmes como O Circo, Tempos Modernos, O Grande Ditador.
Naquela época, em salas de projeção, o que me vem à memória são os filmes de Shirley Temple, que eu adorava e imitava. Queria ter os seus cabelos encaracolados e seus vestidos, é claro.
Já adolescente, o mundo cinematográfico me encantava. Deixava de comprar lanche, para poder comprar revistas especializadas, americanas, é claro, para recortar as fotografias dos meus artistas preferidos: Elizabeth Taylor, ainda jovem, e seus filmes Lassie, A Mocidade é Assim Mesmo e Nossa Vida com Papai. Mais tarde, já não recortando fotos, admirei-a em filmes como Papai da Noiva, Gata em Teto de Zinco Quente, Disque Butterfield 8, Cleópatra e Quem tem Medo de Virgínia Woolf.
E Esther Williams, que me encantou no gênero musical com números de música e dança adaptados às suas incríveis coreografias na água, em filmes como Escola de Sereias. Falando ainda de musicais, nomes como Cid Charisse, Fred Astaire e Gene Kelly, em Cantando na Chuva, Bing Crosby, cantando “White Christmas” e representando um padre no filme O Bom Pastor, Deanna Durbin, Judy Garland, no filme O Mágico de Oz, Mickey Rooney, Cary Grant, Vivien Leigh em filmes inesquecíveis como E o Vento Levou, que só consegui ver depois de casada, pois foi filmado em 1939, quando eu só tinha 6 anos. Quando passou em São Paulo, anos mais tarde, eu também não tinha a idade mínima permitida.
Depois, adulta, ia ao cinema pelo menos duas vezes por semana. O auge do cinema americano terminara. O cinema americano se tornara mais comercial, enquanto surgia o cinema europeu, muito mais seleto. Os filmes pós-guerra eram principalmente europeus, italianos, como Ladrão de Bicicleta, A Doce Vida, Rocco e seus Irmãos, Morte em Veneza, consagrando nomes como Sophia Loren e Mastroianni, e os franceses como E Deus Criou a Mulher, A Bela da Tarde, que consagraram Brigitte Bardot e Catherine Deneuve.
O cinema evoluiu muito. O cinema mudo virou sonoro. O filme branco e preto, com o correr dos anos, tornou-se colorido, com diversas técnicas diferentes. Vários outros países estão fazendo cinema em nossos dias, até o Brasil, cujos filmes estão se superando em qualidade. E eu nunca deixei de ver filmes, seja na telona ou na telinha.
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