Sinopse: O enredo se desenvolve em torno de Arandir, vivido pelo ator
Lázaro Ramos, um trabalhador casado do subúrbio carioca, na década de 60, que se
vê envolvido numa situação complexa após socorrer um homem que acaba de ser
atropelado e que, ainda agonizando no asfalto, lhe pede um beijo. O protagonista
cumpre o seu último desejo, porém este ato é flagrado pelo seu sogro, Aprígio, (Stênio
Garcia), e registrado pelo repórter policial Amado Ribeiro (Otávio Muller),
inescrupuloso e sensacionalista, o que vai desencadear consequências inexoráveis
ao longo da história. Filme com cenários inusitados e em preto e branco, conta
com fortes atuações durante as leituras do texto de Nelson, como Fernanda
Montenegro, Otávio Muller e o diretor Amir Haddad.
Esta obra é a terceira versão cinematográfica baseada na peça teatral do
dramaturgo Nelson Rodrigues e, também, a estreia de Murilo Benício como diretor
de cinema. Segundo o diretor, em entrevista recente ao Canal Brasil, é uma
homenagem ao teatro, além de uma meta-adaptação do texto teatral para o cinema.
Sobre o Diretor: Murilo Benício é ator, nascido no Rio de Janeiro em 1971
e, uma vez que sua trajetória artística se inicia aos dez anos nos palcos de
teatro, podemos compreender o porquê de iniciar sua fase como diretor e
roteirista de cinema prestando uma bela homenagem ao teatro, ou seja, dialogando
com o texto de Nelson Rodrigues, por meio de forma e linguagem arrojadas. Seu
segundo longa-metragem é Pérola, também adaptação de uma peça de
Mauro Rasi, que está em fase de finalização. De acordo com Murilo Benício é uma
comédia emocional com inspirações na estética visual do diretor espanhol Pedro
Almodóvar, mas ainda não há uma data marcada para o lançamento.
Além de teatro e televisão, Benício atuou em muitas produções cinematográficas.
Destacamos algumas: sua estreia em O Monge e a Filha do Carrasco,
de Walter Lima Jr (1995), uma coprodução entre Brasil e Estados Unidos, em que
interpreta o recém-chegado monge Ambrosius, por volta do século XVII, que se
sensibiliza com a forma como é estigmatizada a filha de um homem odiado na
cidade por ser o carrasco local.
Outra obra foi Orfeu, de Cacá Diegues (1999), filme brasileiro, em
que faz o papel de Lucinho um chefe de tráfico que é obcecado por Euridice
(Patrícia França), o grande amor de Orfeu, (Toni Garrido) um compositor de
escola de samba. Posteriormente em Amores Possíveis, de Sandra
Werneck (2001), vive Carlos, o par romântico de Julia (Carolina Ferraz). Os dois
marcam de se encontrar no cinema, porém Julia não comparece, a partir dali o
enredo se desenrola em três vertentes diferentes.
Em O Homem do Ano, de José Henrique Fonseca (2003), baseado no
romance “O Matador” de Patrícia Melo, Murilo interpreta Máiquel, um homem comum
que, após uma aposta com amigos, se transforma em um assassino respeitado pelos
bandidos e pela polícia, e em herói, pois passa a ser admirado pela população,
além de ser amado por duas mulheres.
E em O Animal Cordial, de Gabriela Amaral Almeida (2018), filme
brasileiro do gênero de suspense e terror, interpreta Inácio, um gerente
arrogante e ríspido de um restaurante de classe média em São Paulo que acaba
sendo assaltado, e ainda, tem uma relação conflituosa com os funcionários. Por
este filme, que foi discutido pelo Grupo Cinema Paradiso, Murilo ganhou o
prêmio de melhor ator no Festival SESC Melhores Filmes 2018.
É um artista de muito talento, reconhecido pela crítica e pelo público,
inclusive em sua estreia como diretor. O filme O Beijo no Asfalto
conquistou diversos prêmios na imprensa, televisão e em festivais de cinema
nacional e internacional, sendo eles, o prêmio de Melhor Filme Nacional, de
atriz (Débora Falabella), roteiro e direção (Murilo Benício), e fotografia
(Walter Carvalho) no Festival SESC Melhores Filmes 2018. Outros prêmios: melhor
filme na 7ª edição do International Filmmaker Festival of New York e o Prêmio de
Outstanding Achievement in Acting para Lázaro Ramos, e ainda, o prêmio de
público na 2ª Mostra de Cinema do Brasil, em Lisboa, 2019.
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