14.02.2025
Antonio Carlos Gonçalves
Tristeza em plena euforia na cultura brasileira. Cacá Diegues nos deixou hoje, quebrando a sequência de alegrias recentes proporcionadas por Ainda Estou Aqui, Walter Salles e Fernanda Torres. Não é só de graça que a gente vive.
Cacá foi um batalhador do e pelo cinema brasileiro. Realizou quase duas dezenas de longas-metragens nesta terra hostil à produção cinematográfica, desde sempre. Se é difícil realizar filme com incentivo ou apoio estatal, imagina em tempos bicudos como os dos anos 1960/70, ou dos anos Collor no inicio dos 1990, ou ainda do quadriênio Bolsonaro? Por isso Cacá é um vencedor. E ele lutou muito mesmo, não só para realizar seus filmes, como também para fortalecer a incipiente indústria nacional e defender um projeto de cinema com a cara do Brasil. O Cinema Novo não existe sem a participação efetiva de Cacá, um de seus fundadores, ao lado de Glauber Rocha, Joaquim Pedro entre outros. E muito além do rótulo Cinema Novo, Cacá defendeu a pluralidade e a diversidade do cinema brasileiro, como o fez em sua própria obra, rica e particular.Cacá se foi, mas, quer saber?, quem fez Bye Bye, Brasil, A Grande Cidade e Chuvas de Verão nunca morre.

Cartaz de Bye Bye Brasil, genial road movie, que desconstruiu o discurso nacional-ufanista de desenvolvimento amazônico a qualquer custo dos anos 1970, de "integrar para não entregar". Cacá revela, em tomadas sem filtro, com a trupe da Caravana Rolidei, o Brasil real, de uma Amazônia em mutação, ainda assim explorada, pobre e sofrida.
Sugestão do site: Comente abaixo quais os seus filmes prediletos de Cacá Diegues.
*Antônio Carlos Gonçalves é jornalista, com um currículo invejável na área da Cultura, e fundador do Grupo Cinema Paradiso.
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