41ª Mostra Internacional de São Paulo
Filme: O Rebanho

20.10.2017
Por H. Hirao

O Rebanho
El Corral
Argentina, 2017, 90’
Direção e roteiro: Sebastián Caulier

A princípio, não ia escrever sobre esse filme. Não que o filme seja ruim mas, após assisti-lo, fiquei com uma sensação incômoda... bem, vou explicar melhor mais adiante. Mesmo assim, creio que há pontos positivos nele que valem a pena registrar. 

A história se passa no final da década de 1990, na pequena cidade de Formosa, ao norte da Argentina, fronteira com o Paraguai. Esteban Ayala é um estudante do ensino médio, magro, míope, usa óculos, é péssimo nos esportes, introvertido e aspirante a poeta, ou seja, uma vítima perfeita para sofrer bullying, não só por parte de seus colegas, mas também de professores e até dos pais. Ele vai levando a vida com pode, até que um aluno novo é transferido de Rosário, uma cidade bem maior que Formosa. Gastón Pereira faz o tipo rebelde, senta no fundão da classe, não copia a lição, não aceita facilmente a autoridade e, obviamente, sente-se deslocado naquele ambiente provinciano. Logo, Esteban se encanta por Gastón e os dois acabam se tornando amigos. Ambos são antissociais à sua maneira. Gastón, sedutor e manipulador, convence Esteban a agitar a escola, promover o caos no “curral”, sacudir o “rebanho de ovelhas”. 

O filme pode lembrar obras como Elefante (2003), de Gus Van Sant, ou o segundo terço de Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), de Barry Jenkins, ou mesmo Carrie, a Estranha (1976), de Brian De Palma, entre outros, todos mostrando violência em ambiente escolar. Imagino que O Rebanho pode interessar aos professores e aos educadores, assim como aos pais. Hoje em dia, o bullying – depois que esse termo se difundiu – é tratado com mais seriedade pelas escolas, professores são orientados a reconhecer sinais de conflitos entre os alunos. Aparentemente, está dando resultados positivos, já que notícias sobre o assunto estão rareando. 

Agora, sobre aquela sensação incômoda. Infelizmente, o final do filme põe tudo a perder: é um final moralista e retrógrado. O personagem principal diz que está feliz porque tudo está de volta com era antes. Ora, então, tudo que ele passou não valeram de nada? Não serviu como experiência de vida, rito de passagem? Ele não cresceu para a vida adulta, não evoluiu como ser humano? Nesse sentido, a comédia brasileira Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, dirigido por Fabricio Bittar, com o polêmico Danilo Gentili nas funções de ator, corroteirista e coprodutor, por pior que seja, é um filme mais transgressor, que promove o caos no curral e sacode o rebanho de ovelhas. 

► Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, sala 2, dia 21/10/17 (sábado), às 19:30 (Sessão 232) 
► Cinesala, dia 22/10/17 (domingo), às 17:30 (Sessão 293) 
► Espaço Itaú de Cinema Augusta, Anexo 4, dia 28/10/17 (sábado), às 14:00 (Sessão 925) 
► Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, sala 4, dia 01/1/17 (quarta), às 19:50 (Sessão 1370)


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