COLEÇÃO ESTATÍSTICAS DO CINEMA NO BRASIL
CAPÍTULO IX – OS FILMES BRASILEIROS DE 1995 A 2019

26/08/2021
Por Fernando T.H.F. Machado
Economista e admirador da Sétima Arte


O nono Capítulo desta coleção aborda as produções brasileiras referentes à Sétima Arte a partir de 1995 (ano de fundação do Grupo Cinema Paradiso) a 2019, ano dos últimos dados disponibilizados pela ANCINE.

Objetivou-se possibilitar aos leitores e leitoras acesso a números que facilitem a compreensão do cenário nacional e que, em geral, são difíceis de encontrar.

1) AS PRODUÇÕES NACIONAIS ENTRE 1995 E 2019

O Gráfico a seguir apresenta as produções nacionais lançadas em salas comerciais entre 1995 e 2019. Observa-se claramente o aumento vertiginoso do número de filmes. O ano de 1995 é também chamado de ano do início da chamada “Retomada do Cinema Brasileiro”, em que a estruturação de mecanismos de incentivo fiscal proporcionaram o crescimento do número de produções:

GRÁFICO 1: FILMES BRASILEIROS (1995 A 2019):

Fonte: elaboração própria a partir dos dados da ANCINE.

2) PÚBLICO DAS PRODUÇÕES NACIONAIS ENTRE 1995 E 2019

A maior parte das obras foi produzida por empresas do Rio de Janeiro (cerca de duas em cada cinco) e São Paulo (uma em cada três). Somadas, empresas do Rio grande do Sul, Pernambuco e Minas Gerais somaram pouco menos de um a cada dez filmes nacionais.

O gráfico seguinte mostra que houve aumento do público das produções nacionais, porém de forma mais irregular e em percentual inferior ao aumento do número de produções.

Para efeito de comparação, entre 1995 e 2019 o aumento percentual do número de produções (1093%) foi pouco mais de duas vezes maior do que o aumento do público (489%).

GRÁFICO 2: PÚBLICO DOS FILMES BRASILEIROS (1995 A 2019):

Fonte: elaboração própria a partir dos dados da ANCINE.

3) RENDA DAS PRODUÇÕES NACIONAIS ENTRE 1995 E 2019

O cálculo da renda das bilheterias dos filmes nacionais entre 1995 e 2019 é mais complexo do que parece a primeira vista, tendo em vista o fenômeno da inflação. Em 1995 o Brasil já havia adotado a nova moeda, o Real, mas a inflação relativamente alta ainda persistiu por alguns anos.

Deste modo, o gráfico a seguir apresenta os dados corrigidos pelo IPCA (índice oficial da inflação brasileira – utilizou-se a média de cada ano), ou seja, são apresentados sem os efeitos da inflação porque foram expressos em valores de 2019:

GRÁFICO 3: RENDA DOS FILMES BRASILEIROS (1995 A 2019):

Fonte: elaboração própria a partir dos dados da ANCINE e IBGE.

4) PREÇO MÉDIO DO INGRESSO DAS PRODUÇÕES NACIONAIS ENTRE 1995 E 2019

O gráfico abaixo mostra que o preço médio do ingresso de cinema pago para assistir às produções nacionais ficou relativamente mais barato com o passar do tempo: em valores de 2019 corrigidos pelo IPCA (índice oficial de inflação do País – utilizou-se a média de cada).

Há diferenças metodológicas em relação aos PMIs divulgados pela ANCINE, baseados numa série mensal do IPCA e disponíveis apenas de 2009 em diante (um deles leva em conta também os filmes internacionais no cálculo).

Em 1995 correspondia a pouco mais de R$ 20,00; até 1999 abaixou para cerca de R$ 15,00, mantendo-se próximo a esse patamar até 2015; depois abaixou para cerca de R$ 13,30 em 2019.

Então, pode-se dizer que o preço médio do ingresso pago para assistir às produções nacionais caiu cerca de um terço nesse período (1995 a 2019). Entretanto, esse preço é calculado dividindo-se a renda das bilheterias pelo número de espectadores.

Como o “mix” de espectadores que paga inteira e meia entrada pode ter variado consideravelmente entre 1995 e 2019 (através do aumento do público com direito a meia entrada como estudantes e idosos, por exemplo), não se pode afirmar que o ingresso “cheio” ficou mais barato no referido período.

GRÁFICO 4: PREÇO MÉDIO DO INGRESSO (1995 A 2019)

Fonte: elaboração própria a partir dos dados da ANCINE e IBGE.

5) MAIORES SUCESSOS DE PÚBLICO DAS PRODUÇÕES NACIONAIS ENTRE 1995 E 2019

A Tabela abaixo ilustra os 25 maiores sucessos de público do Cinema nacionais entre 1995 e 2019. Os valores da renda das bilheterias foram corrigidos pelo IPCA (índice oficial da inflação brasileira – utilizou-se a média de cada ano):

TABELA 1: MAIORES SUCESSOS DE PÚBLICO DO CINEMA NACIONAL (1995 A 2019)

Fonte: elaboração própria a partir dos dados da ANCINE e IBGE.

.6) PRODUÇÕES NACIONAIS E ESTRANGEIRAS: NÚMEROS DE 2009 A 2019

A Ancine só disponibilizou dados sobre produções nacionais e estrangeiras para os anos de 2009 a 2019. Nesses onze anos foram lançadas comercialmente no mercado brasileiro 4.365 obras cinematográficas, das quais 1.369 (31,4%) tinham classificação de nacionalidde brasileira (sendo 1.256 obras nacionais e 113 coproduções entre empresas nacionais e estrangeiras) e 2.996 (68,6%) foram classificadas como de nacionalidade estrangeira.

A Tabela a seguir apresenta os países responsáveis pela maior parte da produção cinematográfica comercializada no Brasil entre 2009 e 2019, excluindo-se as coproduções entre empresas nacionais e estrangeiras (113 obras) e entre empresas estrangeiras de diferentes países.

Houve uma certa dificuldade para a elaboração da Tabela devido aos critérios de classificação utilizados pela ANCINE (por exemplo, apareciam obras feitas no “Reino Unido” e na “Inglaterra” como sendo de lugares diferentes. A Tabela abaixo apresenta a soma dos dois como sendo “Reino Unido”.

Assim sendo, os dez países com maior participação foram responsáveis por aproximadamente 3 em cada obras exibidas em território nacional entre 2009 e 2019. Observa-se a forte presença dos Estados Unidos no mercado nacional, com as produções nacionais ocupando o segundo lugar da lista:

TABELA 2: PRODUÇÕES POR NACIONALIDADE DA OBRA (2009-2019)


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